Janeiro 17, 2022

Elizabeth Lindley Cintra Torres

Elizabeth Tereza Lindley Cintra nasceu em Lisboa a 14 de Outubro de 1926, a segunda filha do luso-francês Carlos Delesque Cintra e da anglo-basca Maria de las Mercedes Goicoechea Delmar Lindley. Eram seus irmãos o linguista Luís Filipe Lindley Cintra e a professora de música Graziella Lindley Cintra.

Elizabeth (“Bel”) ingressou no Conservatório Nacional em 1937 como aluna externa, recebendo a restante educação em casa com professores particulares. Iniciou o curso geral de piano no ano lectivo seguinte, terminando-o em 1943. Nesse ano iniciou os cursos superiores de piano e composição. Começou por estudar na classe de Maria Helena Sá e Costa. Após o regresso dela ao Porto, continuou o curso na classe de Maria Cristina Pimentel, que terminou em 1948. No ano lectivo de 1948/49 frequentou o 4.º ano do curso de composição na classe de Jorge Croner de Vasconcellos. Casou em 1948 com o advogado e melómano Victor Coimbra Torres, que conhecera no coro do Teatro de São Carlos, no qual cantava sua mãe, Maria de Las Mercedes. Em Junho do ano seguinte nascia o primeiro filho dos seus sete filhos.

Durante os estudos superiores e até ao nascimento do segundo filho, em 1950, realizou recitais a solo, bem como em duo com a violoncelista Pilar Coimbra Torres, sua cunhada. Para esta formação, Joly Braga Santos escreveu Tema e Variações, que o duo estreou num concerto no Instituto de Cultura Italiana em 1948. Nesse mesmo ano, Braga Santos dedicou ainda a Elizabeth e ao seu marido uma Marcha Nupcialpara piano. Já em 1944 Filipe de Sousa lhe dedicara um Primeiro Prelúdio para piano por ocasião dos seus 18 anos. Elizabeth realizou também concertos como coralista da Sociedade Coral de Duarte Lobo e de piano na Emissora Nacional.

Para além da composição musical, influenciada por Debussy, Elizabeth dedicava-se também à pintura a esmalte sobre cobre, inspirada principalmente em iluminuras medievais. Dedicou o resto da sua longa vida ao marido, aos filhos e netos. A estes, legou a paixão pela música, pela arte e pelas viagens, em particular pela Europa, onde tinha as raízes familiar e cultural e que conheceu profundamente.

Faleceu em Paço de Arcos, onde residia desde 1955, a 14 de Janeiro de 2019.

Rita Torres, Nuno Torres

Elizabeth Lindley Cintra Torres (entrevista)