Dezembro 29, 2020

Maria de Lourdes Martins (1926–2009)

Pianista, pedagoga e compositora, Maria de Lourdes Martins nasceu em 1926 em Lisboa. Iniciou seus estudos em piano com Maria Helena Martins, sua mãe. Ingressou em 1940 no Conservatório Nacional na classe de João Abreu Mota, finalizando o Curso Superior de Piano em 1944. Participou, também na mesma instituição, dos cursos de cravo e clavicórdio na classe de Macário Santiago Kastner, entre 1947 e 1948. Concluiu o Curso Superior de Composição no Conservatório Nacional, no ano seguinte, nas classes dos professores Artur Santos e Jorge Croner de Vasconcellos.

Paralelamente aos estudos no Conservatório Nacional, atuou, a partir de 1948, como pianista da Emissora Nacional, executando principalmente obras suas. Nessa altura apresentou recitais em várias instituições musicais portuguesas e nas rádios de Heidelberg e Freiburg. Como pianista, desenvolveu atividades ao longo de sua vida, como conferências e ações de formação, além de ministrar cursos em Portugal e no estrangeiro.

Foi agraciada com uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian que lhe permitiu frequentar a classe de composição de Herald Genzmer, entre 1959 e 1960, na Escola Superior de Música de Munique, além dos cursos especiais de composição de Darmstadt, também na Alemanha, sob a orientação de Karlheinz Stockhausen. Frequentou, em 1961, seminários de música para filmes em Siena, na Itália, com Angelo Francesco Lavagnino e em Darmstadt, com Bruno Maderna.

Durante o período em que esteve na Alemanha, teve contato com a obra pedagógica de Carl Orff, tendo vindo a diplomar-se em Orff-Schulwerk no Mozarteum de Salzburgo, em 1965, sendo-lhe atribuído o mérito pela introdução deste sistema pedagógico musical em Portugal.

Integrou a Direção da International Society of Music Education entre 1972 e 1976, e foi uma das impulsionadoras da Associação Portuguesa de Educação Musical, que ajudou a fundar, e da qual foi a primeira presidente da Direção entre 1972 e 1976.

Como docente, atuou no Instituto de Música de Coimbra, entre 1956 e 1958, ministrando os cursos gerais e superiores de Piano e Composição, na Academia Luísa Todi, de Setúbal, na Escola Superior de Teatro, em 1971, e na Escola-Piloto de Formação de Professores pela Arte, entre 1971 e 1974. Ministrou os cursos de Análise e Composição no Conservatório Nacional em dois períodos: entre 1971 e 1978 e, posteriormente, de 1986 a 1996, quando veio a se aposentar.

Dentre as premiações recebidas pela sua obra constam o Prémio Carlos Seixas, em 1959, pela obra Trio, atribuído pelo Secretariado Nacional da Informação Cultura Popular e Turismo, e o Prémio JMP, em 1960, pela Sonatina para Violino e Piano.  Venceu, ainda, por duas vezes, o Prémio de Composição da Fundação Calouste Gulbenkian com O Encoberto (1965) e O Litoral (1971). Escreveu para diversas formações instrumentais, como orquestra sinfónica, banda e coro misto, entre outras. Seu catálogo é constituído de mais de setenta composições, das quais se destacam as óperas Três Máscaras (1984) e A Donzela Guerreira (1995), além de diversos arranjos de melodias tradicionais portuguesas. 

Antonio Henrique Seixas de Oliveira

Fontes:

Latino, Adriana. 2010. “Martins, Maria de Lourdes Clara da Silva”. Em Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX,coordenada por Salwa El-Shawan Castelo-Branco, 749–51. Lisboa: Círculo de Leitores.

Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. s.d. “Compositores: Maria de Lourdes Martins (1926–2009). Acesso a 1 de dezembro de 2020. <http://www.mic.pt/dispatcher?where=0&what=2&show=0&pessoa_id=107&lang=PT>.

Foto: Perseu Mandillo; © MIC.PT